Por Marcio Nicolay
O nosso gigante deitado nasceu em Ituiutaba, em Minas Gerais, no dia 1º de novembro de 1939. Filho mais novo de uma família pobre, teve uma infância como qualquer outra criança de sua cidade: desde cedo trabalhou como engraxate para auxiliar na renda da família.
Devido a sua musculatura definida e uma altura de quase 1,9 metro, costumava postar-se diante do espelho e chamar-se de Tarzan, o rei das selvas. E, até os 15 anos de idade frequentou a Igreja Presbiteriana, onde fazia palestras.
Após a desencarnação de sua avó, começou a refletir sobre o problema da morte e do destino da alma. Buscando por respostas para suas dúvidas, encontrou a Doutrina Espírita à qual se dedicou até o final de sua encarnação.
Na adolescência, começou a sentir dores nos joelhos e tornozelos e durante uma palestra num Centro Espírita de sua cidade, em dado momento, o palestrante parou de falar e, claramente mediunizado, mudou o discurso e disse:
– Eu vi aqui hoje trazer um recado para o Tarzan.
Logo Jerônimo se identificou com a mensagem e escutou ansioso:
– Tarzan, se prepare porque a selva do sofrimento vai começar. Porém, se agarre no cipó da esperança.
Aos 18 anos, passou a sofrer de artrite reumatoide, que causava enorme dor e dificuldade de locomoção, doença que foi se agravando até que aos 20 anos de idade, período em que ficou definitivamente de cama até o final dessa sua existência. Também nesta época teve outro problema de saúde e perdeu a visão. Jerônimo sentia muitas dores e o coração também não ia bem.
Certa vez, em visita a Chico Xavier, o amigo lhe perguntou como ele estava e abaixo trazemos um trecho do diálogo:
– Estou mais ou menos Chico
– Mas o que houve Jerônimo?
– O médico está vindo trazer meu atestado de óbito, disse que meu coração está por um fio.
– Olha Jerônimo, Emmanuel está aqui me dizendo: “Bendito fio! Trabalha que o fio engrossa!”
E Jerônimo saiu mais confortado e ainda mais motivado para o trabalho no bem.
Por ocasião de um “enterro”, quando o cortejo seguia para o cemitério, sua Kombi estava logo atrás. Retirado o caixão, enquanto as pessoas se dirigiam para o local, os amigos carregavam a cama com Jerônimo sobre ela. Passando um homem alcoolizado exclamou:
– “Nossa! Dois defuntos! Esqueceram o caixão deste!”
O amigo Jerônimo, acostumado com comentários infelizes, aprendeu a não se revoltar e sempre citava uma frase de Cairbar Schutel nessas ocasioões: “Melindre é orgulho ferido”.
Apesar das grandes dificuldades, ele sempre mantinha o bom ânimo e dava conselhos a milhares de espíritas que vinham a sua procura. Ele viajou o Brasil inteiro graças a um leito anatômico projetado especialmente para ele.
Dentre outras instituições, como creches, Jerônimo fundou os centros espíritas: Seara de Jesus, Manoel Augusto da Silva e Lar Espírita Pouso do Amanhecer. Ele também gravou dois discos: Intimidade Espírita (link aqui) e Obrigado Senhor e escreveu os livros: Crepúsculo de um Coração, Cadeira de Rodas, Nas pegadas de um Anjo, Escada de Luz, De mãos dadas com Jesus e Quatorze anos depois (em coautoria). Todos os seus direitos autorais são doados a instituições de caridade.
Concomitantemente, Jerônimo proferia palestras por todo o Brasil carregado em sua cama, na qual permaneceu por 30 anos até o seu desencarne em novembro de 1989.
Mensagem de Jerônimo Mendonça Ribeiro:
“Muito obrigado, Senhor, pela beleza e
esplendor do sol; pelo poema das flores;
pela sinfonia dos pássaros; pelo alegre
sorriso das crianças; pela experiência do
ancião; pelo vigor do jovem!
Muito obrigado, Senhor, porque
posso ver, ouvir, andar, falar e cantar!
Muito obrigado, Senhor, pelo lar que me
abriga; pela escola que me instrui; pelo
trabalho honrado de cada dia; pela dor
que me educa; pelo amor que me alimenta
a alma; pela esperança de um amanhã,
melhor; pela solidão que me ensina a Te
procurar no próximo e pelas imperfeições
que ainda trago comigo. Senhor ensina-me
a ter paciência sem jamais me
acomodar com as sugestões do desânimo
e com a mentira do cansaço e muito
obrigado pela eternidade da vida e pela
certeza de que um dia estarei mais perto
do Teu coração para mais amar e viver”.
Para outros textos sobre os Grandes Vultos do Espiritismo, acesse aqui!
Conteúdos de Interesse:
Nicola Fratari Neto:
Palestra de Jerônimo Mendonça:
Referências:
http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/biografias/jeronimomendonca.html
4 Comentários
Tive o privilégio de assistir as palestras do nosso querido JERÔNIMO MENDONÇA e ser seu amigo. Pude levá-lo para ele fazer uma palestra em Uberlândia (MG) em 1989. Sinto-me honrado em tê-lo conhecido e aprender muito com ele.
Pedro Chagas Filho (de Araguari (MG)
Que alegria, Pedro. Obrigada por nos acompanhar!
UMA HISTORIA DE FORÇA, CORAGEM E MUITA RESIGNAÇÃO. QUE DEUS CONTINUE ABENÇOANDO ESTE NOSSO IRMÃO, QUE PROVALVELMENTE VIRÁ EM UMA REENCARNAÇÃO COM MUITA LUZ E TRABALHO PARA O MUNDO REGENERADO.
Que assim seja, Adão. Obrigada por nos acompanhar!