Por Roberto Cidade
“O reino dos céus — disse o Cristo — é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, enquanto os servos dormiam, veio um inimigo dele, semeou joio no meio do trigo e retirou-se. Quando a erva cresceu e deu fruto, então apareceu também o joio”.
Esta é uma parábola evangélica muito citada por todos. “Separar o joio do trigo” é usado em todo tipo de situação, sempre destacando a separação de uns e outros por qualidades e virtudes nem sempre cristãs.
O patrão quer o funcionário que traga mais lucro, o técnico de futebol quer o jogador que traga mais vitórias, o publicitário quer o rosto padrão de beleza. Políticos a usam para destacar seus programas de governo e o combate a corrupção. Todos afirmam que vão separar o joio do trigo. E, assim, a interpretação da mensagem de Jesus é mal aproveitada.
Em nosso íntimo, a ação de separar o joio do trigo ainda remonta às relações tribais em que vivemos no passado longínquo, onde tribos se julgavam superiores e as demais eram escória. Se você pertencesse à tribo dominante seria trigo e receberia as bençãos maiores. Se pertencesse à tribo inimiga, seria joio e deveria ser atirado ao fogo.
Sabemos que este pensamento é a negação absoluta do amor fraternal ensinado e exemplificado pelo Mestre Jesus. Esta parábola não pode, portanto, ensinar a separação dos homens, quer sejam as justificativas usadas para tal.
Começa Jesus dizendo: “O Reino dos Céus é semelhante…”. Aquele que entende o Reino dos Céus não como uma localização geográfica ou espacial e, sim, como um estado elevado do Espírito alcançado no decorrer de sua existência, percebe que a boa semente foi depositada em si mesmo.
São os recursos providos pela Providência Divina que nos chegam desde o instante de nossa criação. Em momento nenhum em nossa existência milenar, desde nossa forma mais elementar de princípio inteligente até o homo sapiens contemporâneo, não nos faltou auxílio e orientação do Alto.
É a semeadura constante de ensinamentos e amparo, orientações e sustentação minuto a minuto.
O trigo da parábola é o fruto que representa nossas ações em favor do progresso moral individual e coletivo.
O joio representa o fruto insosso e prejudicial das nossas ações em favor do egoísmo e do orgulho, na constante disputa com os irmãos de jornada.
Desta maneira, a ceifa e a separação não são de homens diferentes na cor da pele, na religião, nas habilidades, no entendimento da vida.
Trata-se da separação de pensamentos e sentimentos, que frutificam em nosso campo interior, em nossa mente.
Das dezenas de ideias, fraternas ou não, que transpassam nossa consciência diariamente. É aí, na nossa mente que, após a ceifa, surgirá o Reino dos Céus tão procurado.
Estejamos atentos, pois em qualquer “cochilo” moral o joio cria raízes dentro de nós. Como diz Jesus: “… enquanto dormiam, o inimigo semeou o joio.”
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2 Comentários
Amo e agradeço o evangelho. Leio todas notificações postadas. Gratidão.
Obrigada, Teresinha