Por Ivan Melo
Para entender essa pergunta é necessário que entendamos antes alguns conceitos sobre mediunidade.
Segundo Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, toda pessoa que sente a influência de Espíritos em qualquer grau de intensidade, é um médium.
Essa faculdade é inerente ao homem e, por isso, não é de modo algum um privilégio exclusivo e são poucas as pessoas que não as têm. Pode-se dizer, então, que todo mundo é mais ou menos médium, cuja condução depende dos valores éticos daqueles que a possui.
Mediunidade, designa a alegada comunicação entre humanos e espíritos ou a manifestação espiritual via corpo físico que não lhe pertence. Kardec faz a seguinte definição: “Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o olhar nas profundezas do Espaço e, com o microscópio, descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, Deus lhe deu a mediunidade” (KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, cap. XXVIII, it. 9).
É importante saber que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geralmente, uma aptidão especial para cada ordem de fenômeno, e apresentam tantas variedades quantas as espécies de manifestações. As principais são: médiuns de efeitos físicos; médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos; falantes; videntes; sonâmbulos; curadores; pneumatógrafos, escreventes ou psicógrafos.
No livro Vivência Mediúnica, Divaldo Franco, enfatiza que o perfeito conhecimento dos objetivos da mediunidade equipa o médium para a desincumbência do compromisso assumido antes da reencarnação, e o seu menosprezo acarreta problemas muito com plexos, interferindo na existência do seu portador.
Lembremo-nos de que qualquer faculdade do corpo, da mente ou da alma, relegada a plano secundário, padece a desorganização que o tempo, a falta de exercício impõe, gerando atrofia, atraso, desequilíbrio.
Quanto à conduta espírita, o médium é portador de abençoada instrumentalidade para autoiluminar-se, promover o progresso da Humanidade, desenvolver os valores nobres, consolador e amparar as criaturas atormentadas e sofridas de ambos os planos da vida.
Realcemos, porém, que o médium é sempre um instrumento passivo, cuja educação moral e psíquica lhe concederá recursos hábeis para um intercâmbio correto.
O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição social ou sexo:
Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade madura ou na velhice. Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer denominações religiosas.
Os sintomas que indicam a mediunidade variam muito, como:
- Reações emocionais insólitas;
- Calafrios e mal-estar;
- Irritações estranhas;
- E, às vezes, aparece sem nenhum sintoma.
Por fim, mediunidade é uma pista de mão dupla. O médium não pode esperar tudo do espírito, quanto o espírito não pode tudo esperar do médium.
Médium e espírito são parceiros na mediunidade e devem trabalhar em regime de mútua confiança. Quanto mais o médium oferecer de si ao espírito, melhor. Por isto, a sua necessidade de estudar mais e saber mais.
Logo, mediunidade, médiuns e fenômenos mediúnicos continuarão sendo, no curso do tempo, fonte para o estudo e a aplicação de quantos possam sentir, no intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual, a grandeza de Deus e a misericórdia de Jesus.
Fonte:
Kardec, A – O livro dos Espíritos – Cap XIV – pg 177
Peralva, M – Mediunidade e Evolução
Franco, D – Vivência Mediúnica – Projeto Manoel Philomeno de Miranda
Barcelo, C – Ser Médium